terça-feira, 19 de maio de 2009

Um paralelo entre a evolução urbana e biológica


Avenida T-63, Goiânia-GO:
Uma avenida onde a saturação habitacional e o elevado número de automóveis por habitante, têm como conseqüência grave o engarrafamento das vias. Uma realidade relativamente recente que exige mudanças estruturais somadas a novos comportamentos.




por Robson M. S. Leão Jr.

A atual narrativa da evolução humana indica mudanças climáticas como motor decisivo no desenvolvimento dos ancestrais humanos (Mayr,2004). Por volta de dois milhões de anos atrás a África tornava-se árida. A savana arborizada aos poucos se transformou numa savana arbustiva. Sem árvores, nossos antepassados, adaptados ao habitat arborícola, perderam seu refúgio de segurança e ficaram suscetíveis aos grandes predadores. Como sobreviver nessa novidade hostil? Engenhosidade. Essa introdução, um breve mais importante episódio da história do homem, evidencia como a evolução mostra-se muitas vezes pontual (Gould,1996) e não gradativa (Darwin,1859). Assim, a formação de uma nova espécie ocorre por um embate. As possibilidades de um novo ambiente e as adaptações possíveis e necessárias para retirar desse habitat recursos de vida.
A argumentação acima e seu exemplo são bases para o desenvolvimento de um paralelo conceitual entre a evolução biológica e as transformações do espaço humano no tempo.
A “revolução urbana”, conjunto de modificações que representam a consolidação da sociedade contemporânea foi determinada e sustentada pela industrialização (Lefebvre,1970). Entre a proliferação do tecido urbano, alterações bruscas no espaço, outras graduais. Nesse ponto, pode-se definir a arguição: O urbano é resultado de grandes mudanças pontuais situadas entre intervalos de relativa estabilidade conceitual. Uma visão muito próxima da teoria do equilíbrio pontuado, proposta por Niles Eldredge e Stephen Jay Gould para a evolução das espécies biológicas.
A cidade industrial, em sua gênese, é a expansão de um novo contexto. Uma força que contenta as necessidades que suas “ancestrais”, cidades política e comercial, não podiam satisfazer. Ela rompe os paradigmas e abre novas possibilidades. Entretanto, como é fundamentada em seu passado, carrega imperativos que paradoxalmente limitam e dão condição a sua estruturação. Num primeiro momento, o conceito permeia o espaço. A partir de um núcleo, a difusão acontece e renova-se na materialização do juízo nos espaços periféricos. Seguidamente, com os nichos ocupados, o espaço estruturado, passa a ser ambiente, no que podemos chamar de clímax conceitual. Um momento de inércia, o que era mutável passa a ser rígido. Assim sendo, a repetição da forma, a moda. Essa condição ortodoxa, efêmera ao tempo, sustenta-se até o ponto em que as demandas se renovam. A faculdade criativa se restabelece para atender as necessidades em movimentos adaptativos. É o início de um novo ciclo, de realidades que exigem diferentes comportamentos.
Os pontos conceituais que marcam a evolução do espaço humano são essencialmente as cidades: política, comercial, industrial e como tendência a sustentável. A possibilidade dessa segmentação histórica também ratifica uma modificação que segue um padrão cíclico do revolucionário ao conservador.
As análises e considerações encontradas nos diferentes campos de estudo, podem revelar-se semelhantes. De tal modo, capazes de serem comparadas para o enriquecimento da compreensão humana sobre o espaço que o rodeia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário