terça-feira, 19 de maio de 2009

A evolução funcional da praça como centro político




por Paulo Gustavo de Araújo Perini


Na Grécia antiga, nas cidades-estado, as praças caracterizavam-se por ser um local de encontro dos cidadãos, para discutirem os problemas relativos à cidade, exercendo uma função política, no decorrer dos séculos permaneceu com a mesma funcionalidade. Influenciado por estes aspectos, o arquiteto Atílio Correia Lima criou o centro político do estado de Goiás, localizado no centro da cidade de Goiânia, sendo-lhe atribuído o nome de Praça Cívica.
Com arquitetura marcante estilo Art Déco, com a utilização de cimento armado, a Praça Cívica abriga os edifícios políticos e culturais do estado, exercendo a função de centro político. Objetivando interligar a praça com as demais regiões, as avenidas principais estão conectadas a esta, possibilitando ir a qualquer direção, assim todos os cidadãos teriam facilidade de chegar ao centro, local de prestações de serviços. Dentre os edifícios políticos temos o Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governador do estado, e o Palácio Pedro Ludovico, o antigo Centro Administrativo, caracterizando o local aonde se tomam as decisões, semelhante a praça da polis grega. Diferenciando um pouco, a Praça Cívica abriga o museu Zoroastro Artiaga, somando-lhe mais uma função.
A importância de um ponto central para a arquitetura de Goiânia foi fundamental para a criação posterior dos outros setores, como um ponto inicial, sendo daquele local foram surgindo o restante da cidade na imaginação do arquiteto. Mesmo com os edifícios da Praça Cívica destacando-se dos outros edifícios da cidade era necessário um monumento para garantir a imageabilidade, então se criou o Monumento ás três raças, de Neusa Morais. È uma homenagem à miscigenação entre as etnias branca, negra e indígena, que deu origem ao povo goiano. Consequentemente a Praça Cívica acumulou mais uma função; política, cultural e marco da cidade.
Com o passar das décadas a Praça Cívica passou a representar algo que o arquiteto Atílio Correia Lima não tinha projetado, ela passou a ser centro histórico. A cidade de Goiânia possui o mais significativo conjunto arquitetônico e urbanístico de Art Déco do país, por este motivo o acervo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Este acúmulo de funções é característico das cidades pós-industriais, sendo centro político e cultural, marco da cidade e também centro histórico. A Praça Cívica funciona como um elemento primário, sendo que ao seu redor há edifícios que exercem diferentes funções, de comercial à residencial.
Outro aspecto importante a ser comentado é o fato de que a Praça Cívica já foi palco de eventos históricos, tais como as manifestações das´´diretas já``, relacionando ainda mais a praça com um palco político, característica levada em conta por Atílio Correia Lima na construção do Palácio das Esmeraldas. O Palácio possui uma sacada que era usada pelos governadores para realizarem seus discursos para a população, além de possuir certa grandiosidade, que exerce uma função social e psicológica representando o poder do estado.
Ressaltando o caráter cultural da Praça Cívica, todo o ano ocorre a comemoração de festividades (aniversário da cidade); apresentações culturais e religiosas (cantata de natal, ano novo). Estes acontecimentos aproximam os indivíduos do objeto construído, aproximam o estado do povo. A Praça Cívica também se torna um lugar de lazer, com os shows e feiras oferecidos pelo governo.
A Praça Cívica, como o restante da cidade, está presenciando uma época de progresso, prova disto é a recente construção do Palácio Pedro Ludovico, com arquitetura moderna o prédio se diferencia dos outros edifícios na praça, porém esta dicotomia presente-passado, como citado anteriormente, tem se mostrado cada vez mais nas cidades atuais, este processo é contínuo, contudo, o valor histórico que está contido na Praça não será perdido, ela evolui lado a lado com a cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário